quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Pessoas

Pessoas são sentimentos múltiplos empilhados desordenados em estantes disformes. Sim, pessoas são sentimentos. Pessoas disformes. Movimento.
Segredos.
Prazeres.
Tormentos.
Em jorros.
Estantes.
Pessoas são pensamentos sentimentais, pensamentos agrupados, 
raramente racionais.
Pessoas são desespero de não serem nada.
Pessoas são o desespero de nada saberem.
Pessoas transitam e esbarram.
Pessoas são a razão entre seus pensamentos e sentimentos.
Se isso fosse um número, esse número seria igual à pessoa.
Igual a Pessoa.
pensamentos/Sentimentos = pessoa.
Pessoas de pensamentos maiores que sentimentos serão números inteiros.
Pessoas com sentimentos maiores que pensamentos serão sempre pedaços.
É uma lei da vida, é um modo de ver.
É um espelho da vida, são modos de ser.
Se pensamentos vem com minúscula, se Sentimentos vem com maiúscula, por que?
É só a prioridade atual da raça humana. 
Razão da medida das pessoas.
Sentir devia ser subjugado ao pensar. O contrário gera descontrole e sofismas e retóricas e absurdos lógicos e científicos.
E aí é só guardar um espacinho pra esperança, e que não morra. 
Vai dar certo. Não há receita errada, mas há tentativa e erro.
A simplicidade das coisas está aí.
A genialidade está em perceber o óbvio que ninguém viu ainda.
A sabedoria está em reconhecer que o conhecimento não pertence a genialidade de ninguém.



quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

a descoberta

Você só percebe que está caindo num buraco sem fundo quando pára de olhar para baixo e olha para cima e vê a luz cada vez mais distante... acho que todos tem momentos assim.

sábado, 26 de novembro de 2011

Ninguém nem pode imaginar o olhar que eu tenho agora, por mais que se esforcem. Mágoa, deleite, gelo, flor caída na calçada. Distante do que é claro, do que é limpo, do que é puro. Algo que vibra em mim só esperando a hora de comer.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Caixa

Hoje olhei essa foto... Lembrei do aspecto espectral que eu tinha iluminada somente pelo monitor, sem nem tocar as teclas, braços pendurados, mãos geladas... Lembro-me de me debater até as vezes até ficar exausta, gritar, de não sentir as pernas, das lágrimas, que de tantas, já pareciam feitas de fogo, saindo dos meus olhos, cada vez mais inchados, cada vez mais vermelhos, cada vez mais doídos. Lembro-me de como isso acontecia uma vez por mês, duas vezes por mês, uma vez por semana, duas vezes por semana, seis dias de sete dias da semana, todos os dias... Lembro-me de deixar de comer, de querer deixar de respirar, de querer deixar de existir. Lembro-me de me sentir suja, feia, desprezível, detestável, vulgar, repugnante, patética. Lembro de poucas das palavras, lembro de pouquíssimos motivos, mas o sentimento ficou guardado, pulsante, teso, dentro de uma caixa como a de Pandora.
Inteligente é quem não abrir a caixa, porque tem o meu pior monstro interior ali. E pode acreditar que se alguém abrir essa caixa, o máximo que eu vou sentir é uma sensação de euforia infantil: como a da criança doente que arranca as pernas de uma barata ou ri do amiguinho que chora porque caiu e ralou a perna. Não existe nada mais cruel do que a ingenuidade e o alheamento de uma criança.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Paz

A Paz tão desejada, a paz interior, é um estado de humor, somente isso. Ela não existe. Ela é sim, sentida, quando a vibração do espírito se aquieta e se sincroniza com a vibração da alma menos superficial. Você pára de perguntar. A Paz tão almejada é quando você pára de perguntar. É um descanso, uma calmaria suave, um momento no qual você não se move dali. A Paz Verdadeira é venenosa, perniciosa para com aqueles que buscam algo maior de si mesmos. Ela o faz parar de buscar. Não se deixe enganar.
Ela o prende a um estado supostamente ideal, mas parar de vibrar, questionar, abandonar o tormento primário de existência de qualquer forma de vida humana que não é banal é simplesmente impossível. Você pode adormecer, anestesiar e ignorar, mas se você faz parte dessa minoria espiritualizada, vai saber que depois tudo volta do ponto que parou, e a vibração o deixará coma insônia que você conhece tão bem, ou sem fome, ou com muita fome, ou nervoso, ou disperso, ou talvez até mesmo tudo isso juntos, pois buscar respostas só vale para os bravos e os dispostas às conseuqências. E deixar de zelar pelo bem-estar corporal abre buracos na alma, que enérgica de dúvidas, debilitada, fica baça e destrutiva para com os outros. É a vibração, que precisa, acima de tudo, estar numa carne rígida pra não despedaçá-la também. 
E a Paz, o que ela trás além de falsas esperanças de um fim desse questionamento? O que é além de um modo de se enganar? Seja ela pela religião, que finge lhe dar respostas que você finge que engole, seja através de uma fé compacta em algo que nem ao menos se dá ao trabalho de ser religião, um grupo, uma ação, para que serve essas coisas afinal, a não ser para calar a alma das pessoas e as prender a uma obrigação que não existe? Assumir as obrigações para com seu corpo, alma e mente são coisas que não dependem de grandes grupos para te mandarem o que fazer. Caminhar em sincronia com o divino é, sim, buscar essa vibração e respostas, é buscar perfeição mesmo que sem jamais alcançar. Se o questionamento acaba, a alma pára de vibrar, e a Paz, a fadada Paz, nada fará além de matá-la, eis que a alma existe por si, através da vibração, e essas ondas emanadas são você. As coisas que você é sem que elas apenas te guiem ao alimento, abrigo, coisas fundamentais ao corpo. A alma também lhe auto-sabota. A alma também lhe dá encanto individual. E ela mingua se pára de vibrar. Ela deita e desaparece. Ela, sua luz singular, simplesmente somem. E é a escolha fácil, e os regulares sempre escolhem a maneira mais fácil. Mas, no fim, vale a pena?
Eu digo não, porque é através dessa luz que você tocará as pessoas, os animais, que você irá criar momentos, objetos, obras inesquecíveis. Sem ela, a conexão desaparece. Sem conexão, você, superficial humano covarde, vai caminhar vivendo morto, dia-a-dia, afundados a passatempos infundados tentando consumir um suposto tempo que é mais precioso do que o próprio dinheiro que ganhará por toda vida. O dinheiro você ganhará mais, o tempo, cada segundo é uma perda eterna. A cada segundo é mais um passo para a forca, o suspiro final, e o tempo é curto, nervoso e imperdoável. 
É o segredo. A Alma vibrante. A falta da Paz que insiste em sempre ir embora. Se vai ser infeliz e tormentoso  ou se será intenso e proveitoso, depende só do que você quer que seja. Não existe descanso. O verdadeiro descanso está em não se cansar jamais.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

~

Ocorreu um caso
fruto do mais tenro acaso
desdobrado pelas circunstâncias mais mesquinhas
e recheado da verdade que tudo que dura tem
Um casório sem casados
um ajuntamento ilusúrio
um olhar permanecia
um desiluto criando novas raizes em matéria grossa.
E camada sobre camada, um desenho
um poema
uma sobrancela
um olhar despreocupado.
E os corpos tombando lado a lado à preguiça e ao ritmo
descompassado de uma tarde qualquer
que cisma terminar cedo demais.
E já haviam me dito os outros que,
no meio de tudo, talvez fosse isso
isso fosse o amor, talvez fosse isso
e eu comecei a acreditar ser.
E não havia o que não acreditar.
Isso deve ser amor, isso deve ser
essa sensação de pés que o chão não tocam
essa coisa simples de sorrir e agradecer um gracejo
com um beijo.
E ele disse "isso é, eu sei que é amor"
e segurou mãos firme,
e olhou pra frente o amanhecer nublar
e deixou o vento bater e se deixou ficar
mais uma tarde despreocupada.
Aquilo é, é óbvio que é amor
a permanência do gosto,
a plenitude do descompasso
e a sutileza da raiz.
E os corpos tombados lado a lado
destituídos de tempo
desiludidos dos falsos milagres
deslizando lentos
pra um lugarzinho pleno de eternidade.
Ela sabia, ele sabia
aquilo devia ser amor, era pra ser amor
era um vibrar comuto de desarmonizar
tudo ali do lado de fora da bolha
criando do nada uma luz desigual
derramando graças nos olhares dos desocupados.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E ele disse:

- Eu preciso de você.
E ela:
- Que?
- Eu disse preciso.
- De que?
- De você, oras!!
- De que??
- DE VOCÊ!!!
- Opa, desculpa, tinham umas bolotas de algodão no meu ouvido. - Aí tirou. - Pode repetir?
- Ah, deixa pra lá!
- Ah, vá lá! Diga!
- Que raios bolotas de algodão faziam nos seus ouvidos?
- Não lembro porque coloquei...
E a conversa não ia chegar a lugar nenhum. Mas ela tinha ouvido. E ele sentiu alívio dela fingir, naquela hora, que não tinha.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Soneto da Insegurança (que todo mundo às vezes tem)

De punho aberto, firme a direita
A lateral decrescente de retirada
A espada valorosa empinada
A guarda fechada, estreita


A valentia da mão dependurada
Descida pela cabeleira desconexa
A sequência de atos, complexa
Sempre em imprevisível emboscada


Mesmo suprema e cerrada, com perícia
A pequena corajosa em carmesi
Velada pelo olhar de patrícia


Às vezes amolece seu arfã de bravura
tem deveras vezes que não fecha a si
e fica modesta, e declina insegura

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Hoje acordei...

... com uma estranheza na alma, como se me faltasse alguma coisa... depois de um sonho doce, de final triste, ou pelo menos até onde eu vi acontecer foi triste, acordei com essa sensação suave de estar incompleta. Confesso que raramente me acontece e que o que me completa nesses dias é aventura, nunca ventura, mas somente um pouco de ventura, por hoje, transformaria meu dia... e ver seu cabelo escuro balançando ao vento.
É um vazio suave, com um suave vácuo, que suga de maneira igualmente suave, um nada frio, um buraco que se enche com neve macia. E aí, o pensamento se distancia desse plano e sobe milhões de degraus, e a consciência perde todo seu contato com o que os outros chamam realidade. Mas o que é mais real que o pensamento mais concreto, que não desaparece nem ao fechar dos olhos? 
E o dia se estica, preguiçoso e cinzento, e deixa espaço pra se falar dos sentimentos. O que seria de alguém que gosta tamanho de falar sem eles, se eles não acinzentassem, ao menos algumas vezes? Há quem discorde, apesar de tudo. Eu ainda acho que os dias cinzentos se espreguiçam mais, e deixam mais espaço pra coisas que não pertencem ao plano material.
E no fim, o que sobra desses dias ou é uma melancolia doce, ou uma saudade encolhida, silenciosa... hoje, ficarei com a saudade.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Como destruir uma pessoa, em 5 passos

1. Sinta um ódio mortal por essa pessoa, que nem pensa mais em você;
2. Decida que, por algum motivo que não existe, essa pessoa é um demônio;
3. Comece com uma trollagem simples, tipo visitar páginas sociais que acusem que você visitou;
4. Coloque seus amigos pra fazerem o mesmo, o máximo deles que puder;
5. Haqueie as contas de redes sociais da pessoa.


A pessoa vai começar a se sentir como encurralada; um frio na sua espinha cada vez que ela descobrir que não foi deixada em paz.  A pessoa vai sentir sua privacidade violada. Conforme a pessoa for sentindo sua privacidade violada, ela vai começar a ter crises de síndrome do pânico, pouco a pouco, e vai sentir medo de coisas que não terão sentido que ela tema. Quando essa pessoa estiver suficientemente transtornada, continue.
E aí, descobra que pessoas são como espoletas: armas, que podem atirar pra qualquer lado, a qualquer momento; armas que vão contra cabeça de pessoa por motivos menores. Espoletas bonitas, polidas, enfileiradas, que atiram do noda, sem aviso algum.

terça-feira, 26 de julho de 2011

addendum II

- Você realmente acredita nessa bobagem?
- Sim eu acredito.
Meses se passaram e logo eu havia caído dentro de um poço fundo. E aí eu disse:
- Você realmente acha que eu ainda acredito?
- Eu tenho certeza que não.
E sentados o tempo passou devagar. E ninguém pode imaginar, de verdade, que o próximo vai mudar tudo.
E o próximo perguntou:
- Então você não acredita mais?
- Não.
- Seria ótimo se acreditasse, você ainda é jovem pra deixar de acreditar.
E talvez fosse isso se não fosse todos aqueles diários cheios de draminhas internos e pequenas tristezas intermináveis. Ler aquilo era fermentar bosta, sim, mas como ter valido a pena se dessa merda não desse pra se tirar ao menos alguma coisa a aprender?
E aprendendo, você vai vendo o quanto foi tola. Você percebe o quanto pessoas mais novas em geral podem ser tolas. O quanto menos tola a idade te torna. E você vê que não tem, de verdade, ninguém que seja bom. Isso não muda o fato de que haja sim alguém que seja bom pra você.
No fim, acabei ficando escrava de ilusões. Hoje são verdades, e são meio duras de engolir depois do tanto que ouvi delas e elas eram mentira. Dessa vez não são somente palavras e é confuso crer que essa diferença é real, mesmo ela sendo mais palpável que esse computador; o medo faz esse tipo de coisa com a gente.
No fim, acho que eu to me lavando dessas coisas negativas do passado, por isso eu acabo falando. Quando estiver lavadinho, como se lava um quintal, eu vou poder dizer de novo certas coisas. O engraçado é não precisar mais dizer que acredito. Foi o jeito do mundo me provar o que era certo. Assim como dizem dos magos, que não precisam de fé porque eles simplesmente O viram. Não é preciso acreditar na gravidade, ou na decomposição, tá acontecendo aí, é só olhar.
E eu to olhando.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

addendum I

Minha alma vibra numa frequência completamente diferente, como se dissesse que logo terei que levantar voo novamente...
Eu ouço as vozes do passado tentando me ensinar lições, mas tudo que elas conseguem é arrancar lágrimas. Há algo muito errado, muito errado mesmo nessa escolha que todos tem de viver caminhando pela linha entre a alma e a matéria. O limiar da loucura está sempre respirando na sua orelha e logo falta espaço entre as emoções fortes para se poder respirar... o tempo engolindo seus ideais e a voracidade do destino masserando tudo que não serve ao seu propósito pré-fabricado pelas Forças...
Parece loucura, mas é verdade. 
Agarre-se o mais depressa que puder a tudo que tenha significado ou será tragado junto.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Pois hoje eu sou…

… harpa e vento, o veículo da música que queres ouvir;
hoje eu sou dito e poema, os segredos que você desejas saber;
pois hoje eu sou saudade.
Pois hoje, eu sou somente, e somente primavera,
e no solapar do frio outonal eu sou contraste;
e nas tuas mãos sóbrias eu sou frágil
e no teu peito calmo eu sou o manto.
Hoje, somente hoje, eu sou sua sombra
e sou luz, e sou dilema
e sou suspiro e sou poeta
e sou a tristeza de todos os atés-logos longos de espera.
Pois hoje eu sou chegada, 
e ontem eu fui partida
e hoje eu sou presente
e passado e sonho distante eu já fui;
e hoje eu sou silêncio
e sou o ponto cego no teu olhar contemplativo, distante.
Pois eu já fui estorvo
pois eu já fui culpa
pois eu já fui objeto de adereço
pois eu já fui  pedestal que se subisse
pois eu já fui brinquedo;
mas hoje eu sou mistério, menina
musa.
E hoje eu sou A
assim como já fui essa
e até mesmo cheguei a ser aquela
e isso não é coisa que se goste de ser;
e hoje eu sou escolha
e hoje eu sou desejo
e hoje eu sou destino
e sou travesseiro e descanso.
Pois eu já fui farrapo
e já fui a taça partida;
pois eu já fui regalo
e já fui brinde e prêmio de consolação;
pois eu já fui resposta sem nunca ser
e verdade de mentira pura
mas hoje eu sou somente linda.
Pois eu já fui ave presa
pois eu já fui jóia
pois eu já fui anjo caído
mas hoje sou apenas carne e sangue quente
e já fui tempestade
e já fui explosão
e já fui delírio
mas hoje eu sou somente as meias coloridas e a caixinha fechada.
E hoje eu sou cálice
e sou capricho
e sou Surpresa,
Pois eu já fui espanto
e já fui descrença 
já fui diaba
e já fui solidão;
e já fui deusa
e já fui medo
mas hoje eu sou voz e pequenos detalhes
e já fui passado,
mas hoje sou futuro.
Pois hoje eu sou garota
pois hoje eu sou cobertor
pois hoje eu sou conforto
e sou batalha e código a se decifrar.
Pois hoje eu sou sua coisinha
pois hoje eu sou sua pequena
pois hoje eu sou sua conquista
pois hoje eu sou sua tendência
sou seu segredo escondido no peito
sou a retro-escavadeira demolindo barreiras
sou o único vinho que tu gostas de ter de beber.
E hoje eu sou sua,
e não sou de mais ninguém;
pois hoje eu sou sua
por conquista
por decisão
pois eu já fui acidente indesejado
e decepção.
Pois hoje eu sou somente desejo
carinho e lateral
sou pessoa
sou querida
sou um ideal de bem-querer.
E sou bálsamo e salvaguarda
e sou relíquia
sem nunca o ser.
E sou luva
e sou espiral
e sou companheira.
E hoje eu sou somente metade
partida
chegada
e riso
e hoje eu sou prazer.
E desmontada e macia
eu já fui tardia
mas hoje eu sou o momento certo.
Pois hoje sou sua
e amanhã assim hei de ser
enquanto pra ti eu for graça
repouso
e objetivo;
pois eu também já fui obstáculo.
E hoje eu sou seu hoje
e amanhã assim espero ser
e ser aquilo que quis pra ti.
Pois ontem sua já era
pois mesmo de outros, o teu eu já era parte de mim
na minha alma, vibrando
pois eu sempre fui amor e paixão.
E hoje eu sou presente
mas eu já fui espera
eu já fui espera.
E hoje sou futuro
mas já fui passado
e já fui querer
e já fui mal-quere
e hoje eu sou estar
mas já fui desejar ser.
E hoje eu sou suprema
e sublime
sem mais precisar o ser
e sou amada
e sou amante e sou presença
e sou quadro a óleo.
E sou metade
e sou chegada
e sou sabor
e sou mistério
e sou sua
exatamente como deveria ser.
E na minha expressão suprema  de ser somente o que sou
passei a ser seu porto
passei a ser seu pássaro
e sua pulseira;
e hoje eu sou eu
mas também sou o ar
e também sou você.
E hoje eu sou você
mas também sou o peso
e também sou eu.
E de tanto ser o tanto
hoje não sou nada
mas sou tua 
e isso já é ser
tudo aquilo que eu desejei
pois já fui dor
e já fui crueldade
e já fui desprezo
e já fui lágrima
mas nunca deixei de ser amor
e amor eu serei
e serei paixão
e jamais vou deixar de o ser
assim como eu era e sou
sua
paixão
amor.
E o resto será sempre plenitude
e primavera
ou passado
se eu for tua.
Pois hoje….


Apesar de já ter postado esse texto no meu tumblr, senti vontade de postá-lo novamente aqui.a Quem ainda não leu, espero que goste.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ela disse...

Ela disse que seria pra sempre,
ela disse que seria pra sempre.
Agora ela sorri,
e caminha no assoalho de madeira
Agora ela se abaixa e joga uma bola pro cãozinho
e ela corre e perde o ar
agora ela dá as mãos a ele
e ela sorri
e o tempo passado não significa nada.
Agora ela diz coisas que devia ter me dito
mas nunca foi capaz de dizer pra mim
e ela se dobra suavemente ao vento
e seu cabelo flamula, desalinhado,
enquanto ela volta a acreditar em contos de fadas.
Agora ela olha pra ele e vê seu sonho de criança
acontecer.
Agora ela caminha desalinhada
nas ponta dos pés, 
no assoalho de madeira
quando ele nem está olhando, 
quando ele nem percebe
nas manhãs frias que deviam ser minhas.
Agora ela joga a bola pro cãozinho
e se abaixa sem se importar com os velhos medos
ela come e faz careta
e dança como se ninguém estivesse olhando
e não é pra mim, 
e nunca foi pra mim.
E pra mim foi o melhor
e pra ela nunca foi o bastante, nunca foi o que ela precisava
e agora ela joga bolas e caminha na ponta dos pés
e ri sem se importar com o amanhã.
E ela tem o amanhã,
e ela vive o amanhã
e ela se esforça pra parecer menos quebrada
e ela não precisa mais se esforçar.
E agora ela corre nos tênis que eu lhe dei
pra ele, até perder o ar
e até ele ela vai e ri
e não se deixa amolecer.
E ela se levanta e caminha no assoalho de madeira
e diz pra si sem se dar conta que não gostaria de estar em nenhum lugar que não aquele
que não aquele assoalho de madeira
e manhã fria
enquanto espera ele despertar.
E ela não precisa mais mentir pra si mesma.
E ela caminha sem ter os pés no chão
e seu cabelo flamula nas mãos dele
e ela ri desajeitada
e diz que quer ficar um pouco mais.
Agora não tem mais espaço pra mim
não tem mais um mísero pedacinho que me caiba
e ela caminha de manhã
na ponta dos pés
e espera ansiosamente ele acordar.
E os tênis que eu lhe dei
e aquilo tudo que eu achei que era meu
e aquilo tudo que eu achei que eu peguei pra mim
ficaram lá, com ele
jogando a bolinha pro cãozinho
e caminhando na ponta dos pés, no assoalho
e esperando ansiosamente ele acordar
ele sempre está olhando
dentro dela.
Ela disse que seria pra sempre.
Ela lhe disse que seria pra sempre.
Ela nunca me disse que seria pra sempre.

~

Aniquilar a alma daquele que assassinou a sua própria não a trará de volta - mas não deixo de pensar em vingança. Talvez isso me trouxesse de volta.

O Pingo

Um pingo solitário tomba em um espaço singular. Acompanhar sua descida, lenta, que vai acelerando até sua completa aniquilação, ao tocar o chão, desprotegido, mole, inerte.
Ele se rompe, esfarela, voltar a esfarelar, e por fim, desaparece. E nunca mais será aquele mesmo pingo. E nunca mais estará naquele mesmo tempo. Ele começou, teve  uma duração, depois desapareceu.
Pessoas são assim, sabe; seus momentos. Cada um deles é um pingo. Tentar trazer de volta não é possível.


E não posso mais contar nos dedos a quantidade de vezes que tentei trazer de volta o eu que seria perfeito pra agora e ele não consegue mais existir....

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Conto: O Mestre das Bonecas

O mestre das Bonecas caminhou pelo meio de seu escuro laboratório à procura da boneca mais bonita. Cada uma tinha um olhar diferente, cada uma o levava a sonhar com um futuro distinto; e como sua cina, ele as pôs todas, de pé, a dançar, a procura da perfeita.
E lá estava ela: o vestidinho manchado de poeira, a boneca usada de porcelana, com graxa na beirada do vestido e o nos olhos o mistério do mundo. E ele pôs-se a dançar com ela, em sua dancinha alucinada, e logo ele a tomou nas mãos. E de perto ele viu suas rachaduras,  e em seus movimentos alucinados, derrubou a boneca no chão. Seu doce rosto sujo despedaçou-se completamente e os cacos se espalharam pela sala em meio à dança alucinada das outras bonecas que, silenciosas, se mexiam e apreciavam toda com espanto. E o Mestre das Bonecas seguiu dançando, pisando os cacos, até que mais nada dela ali sobrasse. E foi então que ele se deu conta do que fizera. Ele se ajoelhou no vestidinho e chorou. Recolhidos os resquícios do que fora a boneca mais bonita ele lamentou cada segundo alucidado, mas nada, nada mais restara dela. A poeira foi atirada ao vento e a roupinha ele despedaçou, furioso. A trança única de cabelos escuros ele segurou entre os dedos, apertou. Depois picou e queimou. Libertou as cinzas junto com o resto, pela janela, ao vento. 
E jamais voltou àquele lugar.


As cinzas circularam no vento, indecisas, e foram levadas pela chuva. E o fantasma da boneca seguiu dançando, nunca parou. E hoje ele dança nos velhos sonhos do grandioso Mestre das Bonecas, o único, o especial, o sublime. O sozinho.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

declarado

um olhar que se quebra
emoldurado numa noite fria
plena a manta sombria 
que cobre a palavra ao relento

ao dobrar duma cena vazia
à garganta rompe o tormento
e a agonia levada pelo vento
na imensidão estrelada viaja

e o suspirro rompido
o adeus mal-dado
o fim estabelecido
e o contrato assinado

aperto de mão apertado
chama da fúria acesa
de um revelar anelado
de um ódio eterno declarado
e que a Madre-Senhora o proteja.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Outro blog

Casualmente eu uso esse outro blog pra crônicas http://parisaftermidnight.tumblr.com/
Mas segurei postando aqui.

O sonho

Do interior do pegajoso sonho mais sombrio sinto um hálito morno, que pulsa e que chama, que grita; e à treva densa e grossa, abafa.
E um sonho se afunda em plena lama imunda e revela, em luz, outro, um pouco abaixo da superfície. Abarrotado de escura paina, mal-quisto segundo o fio da realidade.
Esse é o ciclo, esse é o ciclo.
E a espreita fica semi-protegida da oportunidade divina de tocar um anjo.
E a lateral fica desorganizada das lamúrias da espera.
E desenterra: a soma d'O Mundo, a funéria esperança e a Temperança.
Nascida num novo dia, desabrochada, uma flor de outono. E calma ao vento, repousa, os olhos cerrados de piche e os dedos colados do tempo. E desenferruga a engrenagem suprema que move a alma por dentro do corpo. Desmumifica. E nas trevas afunda.
Pois é o escuro mais denso, e o ar mais grosso, e a água mais pegajosa de hidratar, decaída, a busca constante daquilo que talvez nem seja, permanece superior ao sentar no sofá num domingo e fingir que é feliz com os dias iguais.

domingo, 13 de março de 2011

Lolita Poem

Look! Like the waves she walk
little fragile thing indeed
Listen! She sweetest talk
all you need
How could she run away?
How could she say good bye?
But she goes and her smile goes together
she keeps walking
forever.
Look! The way she dance like a flower in the wind
Absolutly sorbed by the light
Can you see her blink eyes
They shine in the darkest night
How could she die alone?
How could she be the lovest thing i ever have?
How could she done all the stars die?
But she get it and yawn gentily
silently deified 
resigned.
Turn off the light of the night
then she can sleep.
Let just one star turned on
she fears the dark.
Gives her Teddy,
so she never will fell alone.
Look! The way she cries
could break even a stone
Listen! The way she talk
hurts you in your bones
How could she?
How could she?
And she cries and run
in the darkest night 
you made especialy for her.
But she goes and her smile goes together
she keeps walking
forever.