quarta-feira, 19 de agosto de 2009

CARTA.

"Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado. É assim que perdemos pessoas especiais." Drummond

Estou cansada de julgamentos. Não sou obrigada a escutar essas palavras duras e essas opiniões unilaterais. Não me importo nem um pouco. Guardem suas opiniões para vocês. Muito fácil chegar e julgar um erro sem nem conhecer o outro lado da história. Mas fácil ainda é julgar o certo como errado quando lhes é conveniente. Não estou errada, não fiz nada, não me importo nem um pouco com como as pessoas que me maltratam e me sacaneiam ficam quando eu resolvo dar um basta. Não me importo mesmo. E também não me importo com as opiniões das pessoas que estão perto deles e que só sabem ver a história de um ponto de vista. Mas tudo bem. Nenhum de vocês viu que eu fiquei doente; nenhum viu que eu passei por uma barra tão grande quanto a do outro lado da história. Ninguém viu nos meus olhos os pedidos de ajuda, nenhum de vocês viu o desespero me consumindo. Tudo bem! Agora é a hora que as pessoas se mostram. Mostrem. Façam-me rir de mim mesma pela confiana e carinho depositados.
Ou então se afastem pelo bem do outro lado da história. Ai sim, ganharão meu respeito. Aí sim, toda a aspereza vai fazer algum sentido. Mas saibam: se eu tivesse reagido às agressões retribuindo, a outra parte da história estaria realmente mal. Estaria pior do que eu fiquei. E não ao menos imaginem que eu procurar meu pedaço de felicidade é vingança. Não é. Não sejam tolos ao ponto de pensar que qualquer um vai conseguir me fazer agir diferente do que sou. Sempre busco minha felicidade, mesmo que dos jeitos errados. Se estou feliz, é porque, agora, estou fazendo do jeito certo. E não vou permitir que nada - nem ninguém - fique entre isso. Ninguém -NINGUÉM MESMO - que me faça sofrer, merece meu sofrimento. Ninguém que me faça chorar merece minhas lágrimas. Ninguém que me faça me cortar merece nem uma única gotra de sangue dos meus cortes. E eu já não aguento mais essas marcas. E elas não vão sumir. Mesmo que eu possa dar perdão, mesmo que eu possa estender uma mão amiga. NUNCA.
Não aquento mais esse clima estúpido de tensões, de olhares entrecortados, de situações das quais eu jamais faria parte, da pressão que recebi dos meus malditos sentimentos para me humilhar por algo que NUNCA valeu a pena. Agora, finalmente, me sinto livre. Estou pronta para me prender de novo. Estou pronta para viver por outra pessoa de novo. É assim que eu sou, tolo do que acha que isso algum dia vai mudar.
Pelo menos, vou fazer por vocês o que não fazem por mim. Vou entender. Vou entender o carinho que vocês estão dando, vou entender a mão que estão estendendo, vou entender o amor que sentem. Vou entender e ficar feliz por saber que eu não sou a única que está bem acompanhada, e segura. E em breve não serei a única feliz também, depois de tudo. Vou entender e deixar ir embora. Vou entender e deixar acabar. Assim como entendi o amor que sentia, assim como deixei acabar o amor que eu sentia. E que não volta. Não hei de cometer esse erro duas vezes. Agora é minha hora, eu vou ser feliz. E dejeso toda sorte para o mesmo a todos os envolvidos. Agora eu vou amar e ser amada. Agora eu vou chorar e ter quem chore comigo. Agora não vou mais me sentir pequena, nem me sentir um lixo. Agora não vou mais que ter vergonha de olhar minha própria vida e ver onde certas decisões me levaram. Agora vou ser respeitada tanto quanto respeito. É tudo que eu sempre quis. Desejem-me boa sorte, e se desejarem azar, saibam que esse tipo de energia vingativa e odiosa não pode mais me atingir. E que tudo que fazemos de bom, ou de ruim, volta para nós três vezes.
E eu sei, nada vai mudar isso: todo mundo que não me quer, não merece nem o mínimo da minha atenção. Talvez seja só poruqe vocês não me mereçam.
Vou lembrar da dança dos Backstreet Boys.

Abraços, adeus.
Lilian

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Rapsódia III

Vou me deixar tremer e me deixar sonhar
Vou me refazer, me destruir, me atirar
Me deixar morrer, viver e gozar
As emoções da noite e o desejo maior.

E de rasurada e contida vou beber
E brindar ao amor e brindar à vida
E romper as barreiras da flor comedida
E rasgar os véus e as meias e a pele ardida.

E deixar aumentar e explodir deserta
A cama, os fios, a luz, a carne aberta
Na comunhão selada com a carne tua...

E me remexer por dentro e suar criativa
Repousar em mim teu corpo e domada e passiva
Libertar a alma apaixonada e a libido...

Rapsódia II

Sorria, por favor! É tudo o que peço
Pois no teu soriso me revigoro
E sinto sair de mim, de cada poro
Uma alegria que me vira do avesso...

Chore, por favor! Atende esse pedido
Pois na angústia da saudade eu choro
Tremo sozinha, e de cada poro
Sinto a distância sofrida e a libido...

Grite, por favor! Se eu, ensandecida,
A alma crispada e ressequida,
Se eu deixar a tristeza me tomar!

E sorrindo, chorando e gritando
Sinto-te vivo, e vivo amando
A tua forma sutil de respirar...

Rapsódia I

Foi de sentir-te tão profundamente
Que num suspiro me atirei perdida
À tua espada, e voltei a vida
Derretida num flagelo contente.

E sobre teu braço forte dormir
Pois de ti não espero violência
A espada é a dor da abstinência
O meu flagelo é ver-te partir...

Sentir teu cheiro em mim e não te ver,
Sentir-te em mim sem estar aqui
E ver-me sangrar até quase morrer!

Para renascer novamente nua
Idas e voltas do teu corpo claro
E gritar ao mundo o quanto sou tua!

domingo, 16 de agosto de 2009

Suspiros

Palavras engasgadas... Uma tosse compulsiva, quase viciante as fariam sair de vez. Era o tempo certo, um momento sem igual. Oh surpresa divina!

Ela se sentou na pedra... fria e um tanto quanto úmida, a pedra estava lá. O vento lhe solapava, a umidade a corroia, mas ela continuava lá, a pedra. E ela também ficou lá. 
Suspirava... A pedra ansiava pelo mesmo, mas teve que se conformar com o calor do assento. Ela descobriu que nada nem ninguém mereceria mais, e se entregou, de corpo, de alma, ao vento gelado que corria em seus cabelos. Os pés foram esfriando. As mãos seguiram o mesmo caminho, num ritmo mais lento. Ela podia sentir tão forte o calor, por dentro, que o frio não fez seu peito gelar. E continuava a esfriar.
O vento, violento, arrepiado e mal-humorado, corria-lhe pelo pescoço, pelo rosto, manchado ainda... As tremedeiras incontroláveis só passavam com música. Então cantou. O tempo, que teimava em não passar, tão surreal quanto o caminho que a lua fazia no céu, também ia corroendo um pouco de pele, um pouco de cabelo, ou pouco de água. Uma lágrima de nervosismo, nenhuma certeza. O silêncio quebrado pelos suspiros, o coração quase lhe corria do peito. 
Num momento, tomada pelo sono, descansou um pouco, deitada sobre as próprias pernas, a cabeça baixa. Não havia humilhação nenhuma ali, apenas um intento. Não estava à míngua, tinha sua certeza como acalento. Havia alguma esperança ali, mas aos poucos ela foi sendo substituída por uma necessidade de o sol sair e lhe aquecer os pés. Mas ela ficou. Muitas palavras mastigadas foram engolidas. Muitas palavras a muito tempo engolidas, voltaram a garganta, vívidas. Ela praticou consigo mesma a coisa certa a dizer. Em vão. Mas disse.
O sol saiu, mas não esquentou. Foi algo mais que a esquentou. Uma mão estendida. Cada hora valera a pena. Não havia sono, não havia cansaço. Só uma vontade gigantesca de continuar a suspirar. E suspirando ela seguiu. E atadas as mãos geladas a outras, quentes, ela sorriu. O frio esvaiu, e se apertou densa entre um sorriso, um riso, uma emoção tão funda que se fazia sentir onde não mais corpo havia. Ela conseguiu o que queria. Um soriso em retribuição. Tudo o que queria era fazer a ele bem. E fez. E sem esperar nada em troca, muito recebeu. Era regojizar. 
Era suspirar juntos.