sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Os Esquecidos

obs.: nenhuma relação com o filme.

Sentei para meditar, pensei sobre tudo que cada gota d'água significou. Olhei a minha volta esperando que algo mudasse. Mudou. Pensei demais, fiquei pra escanteio...
Enquanto refletia sobre a relevância da minha existência, minha existência foi ficando irrelevante. Tão irrelevante que em pouco tempo notei que só os mais insistentes tinham ficado por perto. E mesmo assim, mantiveram distância segura. Andei, procurei, tentei pedir que voltassem. Não voltaram. Foi o pé final. Melhor não olhar para trás agora, minha cara. Melhor fingir que nunca estiveram perto. Aprenda a se sentir bem sendo invisível. Agora eles não podem mais machucar você.
Havia outros a minha volta, outros que também estavam empoeirados. Mas empoeirados que eu, outros menos. Nos menos empoeirados, notei que ainda procuravam. Nos mais, vi que voltavam a meditar e periodicamente olhavam para ver se havia alguém. E quanto menos gente, mas felizes.
Foi aí que entendi: se você se vira para dentro, e fica ali por um tempo, começa a enxergar melhor quais são os verdadeiros meios da felicidade. Eles ficam claros através do auto-conhecimento, da leitura, da introversão e também do amor próprio. Aí ´os existe verdade; os falsos se vão, os fracos se vão, e os poucos que ficam, provavelmente aprendem a meditar sobre si mesmos também. Aí surge a bela teia: a teia dos Esquecidos, forte e imrrompível, buscando sabedoria em cada um dos seus nós, e cada nó tem algo para passar.
E a verdade, límpida, então surge: podemos estar próximos, podemos estar ligados, podemos ser pequenas partes de um grande todo, mas cada parte é individual, como elétrons que se movem coordenados pelos movimentos de seu oposto, e só. E então sorrir, e ter a certeza de uma pura verdade, mesmo que muito chocante no começo:
"Estamos todos sós."

Dangerous Game

Jekyll and Hyde

Composição: Leslie Bricusse

Lucy:
I feel your fingers
Cold on my shoulder
Your chilling touch,
As it runs down my spine
Watching your eyes
As they invade my soul
Forbidden pleasures
I'm afraid to make mine.

At the touch of your hand
At the sound of your voice
At the moment your eyes meet mine
I am out of my mind
I am out of control
Full of feelings i can't define!

Hyde:
It's a sin with a name

Lucy:
Like a hand in a flame

Hyde:
And our senses proclaim

Hyde/lucy:
It's a dangerous game!

Hyde:
A darker dream
That has no ending
That's so unreal
You believe that it's true!
A dance of death
Out of a mystery tale
The frightened princess
Doesn't know what to do!
Will the ghosts go away?

Lucy:
No -

Hyde:
Will she will them to stay?

Lucy:
No -

Hyde:
Either way, there's no way to win!

Lucy:
All i know is' i'm lost
And i'm counting the cost
My emotions are in a spin!
I don't know who to blame...

Hyde:
It's a crime and a shame!

Lucy:
But it's true all the same

Hyde/lucy:
It's a dangerous game!

No one speaks
Not one word
But what words are in our eyes
(alternating)
Silence speaks
Loud and clear

All the words we (don't) want to hear!

At the touch of your hand
At the sound of your voice
At the moment your eyes meet mine

I am losing my mind
I am losing control
Fighting feelings i can't define!

Lucy:
It's a sin with a name

Hyde:
No remorse and no shame
Fire, fury and flame

Lucy:
Cos the devil's to blame

Hyde/lucy:
And the angels proclaim
It's a dangerous game!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sedentos

Sacudi a cabeça, tentei expulsar dali de qualquer jeito a impressão de que via você se materializando na minha frente. Foi só um sonho. E é profundamente detestável para mim admitir isso.
Você estava ali, sim, estava, eu pude, pela primeira vez em meses, escutar a sua voz. Os cabelos ralos estavam aparados. Acho que preferia quando estavam compridos; de tal forma, escondiam seus olhos... Aqueles olhos.
Era como olhar para um ladrão. Tive raiva daqueles olhos pela primeira vez. Já tinha notado que você era bem branco, quase aguado, mas pareceu mais bonito ontem quando fui dormir. Mas seu olhar ainda era um mistério!
Era como um criminoso caminhando na milha verde. Um destino trágico lhe aguardava e você já sabia disso. Aí, olhou para mim. Ali estavam suas respostas. Se jogou no pegiro, depois fogo... Depois não pude mais vê-lo. Mas escutei sua voz! Novamente não consegui dizer meu nome, sua voz me anestesiou. Você estava sedento, eu estava sedenta. Ameacei você! Disse coisas feias sobre saudade, e espera. Coisas tão feias que te fizeram torcer a cara. Deixei torcer. Já estou de saco cheio de ficar procurando. Mas mesmo assim, vou continuar.
Aí acordei. Seu rosto gravado na minha mente. E a boca seca.
E sei que quando você acordou, sua boca também estava seca.
Talvez estejamos sedentos de algo impossível. Bebamos então água e vamos fingir que não teve sonho. Quem sabe desse jeito, hoje à noite, consigamos dormir melhor.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O dia depois de amanhã

Despertar novamente e ver o dia depois de amanhã.
As visões confusas, as dúvidas, nem ao menos saber se estarei lá para presenciá-lo.
Detalhes, cara minha, detalhes. Detalhes de tamanha relevância que deixam meus dedos endurecidos e minhas articulações doídas. Detalhes que fazem meu coração perder o rumo, e meu baço ficar repleto com sentimentos positivos.
Sim, eu amo com o baço. Amar com o coração dói. É artificial, desnecessário e manjado. Aí, meu baço... Cheio de novas histórias sempre, para contar. E guardar... Algumas, para esquecer.
No dia depois de amanhã, tudo pode mudar. Mas não vai mudar. Mas eu continuo achando que vai mudar.
Por que? O dia depois de amanhã vai responder.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A petulância, a curiosidade...
Logo, meus pés não tocam mais o chão.
Esse amor absurdo de viver, amar a vida acima de mil amores espalhados na poeira das velhas más intenções...
Um anel, um lasco de papel desbotado, um coração de argila. Tudo caiu e quebrou, será que um dia estiveram aqui? Será que um dia eu realmente estive aqui?
Amar a vida, e odiá-la tanto, que o ar entra azedo pela boca, e sai queimando as narinas. E saber que desde o começo era para ser assim. "Como pode alguém amar um monstro?" Como poderia alguém amar? Demonstrações escalaufabéticas de algo que talvez nem exista.
A chama queimando como se estivesse ali por algum motivo... O baço se aquece num sentimento inigualável. Palavras perdem o sentido, cada vez mais difícil entendê-las. Segundos com um porque depois de tanta espera. E saber que mais espera viria. Saber que esperar faz parte. Que o sono talvez só não seja tão necessário. Que aquelas cascatas vão estar lá, talvez estejam entre outros dedos. Imaginar mais um segundo ali, perto de um portal velho e algumas pessoas sem significado algum, fora do nosso campo semântico.
A perfeição pode estar em algum pacote diferente do imaginado. Ou pode ser exatamente como eu esperei. Ou pode estar só dentro de mim. Ou pode simplesmente não existir.
Que os próximos copos estejam cheios, que o pinguim imperador goze sua queda - que na verdade nem sabe estar a cair - e que possam haver fatias de pizza, de todos os sabores imagináveis. De pasta de dente talvez.
Odeio-me demais nesse momento por querer começar de novo.

A Sobra

Daquele funil enorme que fica sobrevoando as situações, poucos passam. Por isso um funil. Já é esse o intuito pré-estabelecido.
E os que não passam? Os que não têm aquele formato exato para passar? Sobram. Simplesmente sobram. Às vezes por características tão irrelevantes que lhes causa raiva. Também, pudera.
Só quem já sobrou sabe como é, mas dificilmente se poderá achar alguém que nunca tenha sobrado. São assim as coisas, ou se vive com elas os se afasta de tudo que tenha funil. Se fechar resolveria, se a vontade de passar no funil só não aumentasse quando não passamos. Fato.
E as sobras? Onde elas chegaram, o que elas podem fazer por sobrar, como vai ser a partir daquele momento, quando ela tentou ser absorvida e não foi?
As sobras. Por hábito, nos livramos logo delas. Por questão de manter puro a ambiente, e por questão do espaço que ocupam. Logo nos livramos das sobras, ou as largamos em algum lugar onde um qualquer possa carregar.
E fazemos isso com pessoas. Tratamos pessoas que sobram como lixo, como nada. Sobrar faz parte? Palavras de alguém que nunca sobrou. O pior é que na maioria das vezes que se sobra, não é algo que se possa modificar. Nos rasgamos por dentro em busca de uma forma de mudar aquilo, achando que passando no funil sempre seremos melhores... Será mesmo que o seremos?
Talvez só não devesse haver funil. Já pensou em quantas pessoas já fez sobrar? E o pior é que nos sentimos muito especiais em relação aos que sobram!
Cada um deveria só estar onde gostaria de estar.
Escrevo isso como sendo mais uma sobra. Uma sobra de tantas coisas que me dá raiva. Sou resto de tantas histórias que nunca quis fazer parte, de tantos grupos, de tantas outras pessoas...
Acho que um dia vou acabar me acostumando.

domingo, 19 de outubro de 2008

O vento

Nos momentos críticos, está lá sempre o vento. A arte de me esgueirar por ele, de arranhá-lo, de escutá-lo falar suas indecências esquivas e suas graças desgraçadas. O vento, cheio de vozes cheio de palavras e de sensações.
O vento, que nunca me deixa; ele vem ressecando tudo de feio, mudando os segundos em minutos, minutos em horas. Descobrir a arte de domar o vento, de controlá-lo, um objetivo que já a muito alcancei, mas nunca porei em uso.
Se domino o vento, se o submeto ao que eu acho certo, ele não seria mais vento.
O vento que me faz desejar arrastar as mãos novamente em objetos antigos, o vento que me faz sentir novos sabores em comidas que a muito já fazem parte da minha cina.
O vento veio, me trouxe a sensação de nadar em sangue denso e pegajoso; me trouxe a sensação de não ter peso, de não precisar mais respirar, excretar, absorver; o vento veio e a euforia deixou por onde ele passou em mim.
Mas, se eu domino o vento, ele não é mais vento.
O vento dançante, saltitante, tão tolo quanto eu...
Vai, vento arrasta essa existência insignificante e faça-a mergulhar nos mais profundos mananciais de desespero, de loucura, de doçura, de suavidade, de arte.
Vento.