domingo, 2 de setembro de 2012

Poema sem Face

À mão que se estende a face
à face que agredida
à têmpora virada, rendida
à força de revidar, retida
à cabeça que se abaixa frígida
à frente que o olhar evita
à mão que aquecida do tapa, desce
e prepara a próxima porrada.

Ao silêncio que a boca tilinta
à boca, que de saliva, se umedece de goma
à têmpora que aquecida arde
ao olho que vencido tomba
à umidade que no olho retine
à agudeza que dos dentes se amana
ao esfregar frenético que das cúspides ecoa
nas profundezas da inerte garganta.

Ao movimento brusco do pescoço
ao vibrar em câmera lenta das carnes faciais
ao esticar das fibras trementes silenciosas
ao calado do segundo do ato
e ao fim do pranto interno:
a voz de vencida da alma 
calada lamuria nas profundezas
dessa alma pequena e alada!