quinta-feira, 31 de julho de 2008

Estranhos

Foi estranho acordar e ver que eles tinham chegado. Eles chegaram, do nada, estavam por toda parte...
Usavam máscaras brancas e capuzes translúcidos, mal tocavam o chão em sua caminhada... Esvoaçantes, mesmo sem vento algum, iam se aproximando, depois se afastavam. Seus braços gelados hora por vez esbarravam na minha pele, que se arrepiava e parecia que ia desprender da carne. Seus olhos, ocultos pelas máscaras, diziam mensagens de desespero, agonia e furor, tudo misturado a um som suavemente ensurdecedor quando transpassavam os raios de sol.
Suas máscaras brancas luzindo, sem forma, sem boca, mas falando sempre palavras proibidas. Eles prosseguiam, bem lentamente, transpassando a janela, as grades de segurança, os móveis, as paredes, os anseios, as tristezas, o silêncio, e por onde iam passando, iam deixando tudo gelado, tornando aquele inferno meu, quente e fervoroso, pior que um braseiro, um inverno agradável. Os flocos de neve caindo, eu os comia e sentia um gosto agradável de sangue fresco neles. Meu coração quase parando, a ansiedade que transbordava! Deliciava-me totalmente com suas presenças delicadas e aterradoras.
Um prazer inexplicável vê-los voltando... Os rostos brancos.
Guardiões dos meus sonhos, da minha mágica, do meu amor eterno por alguém que nunca há de aparecer.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ignorar é o maior dom que já recebi. É incrível ter o poder de ignorar certas coisas, treine o seu. Mas cuidado para não ficar como eu acabei ficando.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Em um momento estava lá. Eu pude ver, tinha forma e cor, eu podia até escutar, estava completamente eufórica.
Depois, do nada, assim como apareceu, sumiu novamente...
Fiquei, então, nervosa, procurando, olhava por toda parte, mas não achava. Quando fechei os olhos e caiu uma lágrima, senti surgir novamente. Abri os olhos e pude ver de novo, sorri, tentei alcançar, mas antes que eu conseguisse tocar, desapareceu novamente! Fiquei irritada, louca de raiva, muito furiosa, desisti então.
Quando desisti, eu vi novamente! Corri, tentei agarrar, mas me feriu. Chorei, me lamentei, fui embora, mas a presença logo veio me perseguir.
Com medo, resolvi olhar e estava lá, de novo. Gritei para ver se podia ser ouvida, e nada aconteceu. Gritei de novo, mas mas o único resultado foi desaparecer novamente.
A razão teria me feito desistir, um pouco de bom senso teria me ajudado a entender, mas nada disso eu usei, só queria continuar com o sonho de achar... Foi aí que vi de novo.
Dessa vez, nem me levantei. Continuei sentada, olhando, sem manifestar qualquer expressão ou fazer qualquer som; foi quando percebi que quanto mais eu queria, mas me fugia, quanto mais eu tentava alcançar, mas longe ficava, e que quando eu quase conseguisse tocar, iria desaparecer... Assustada com essa conclusão fechei os olhos. Mas não sei se quando eu abrir, ainda vai estar lá.
No fim, eu só nunca estava tentando alcançar o que eu realmente tinha visto.