Foi estranho acordar e ver que eles tinham chegado. Eles chegaram, do nada, estavam por toda parte...
Usavam máscaras brancas e capuzes translúcidos, mal tocavam o chão em sua caminhada... Esvoaçantes, mesmo sem vento algum, iam se aproximando, depois se afastavam. Seus braços gelados hora por vez esbarravam na minha pele, que se arrepiava e parecia que ia desprender da carne. Seus olhos, ocultos pelas máscaras, diziam mensagens de desespero, agonia e furor, tudo misturado a um som suavemente ensurdecedor quando transpassavam os raios de sol.
Suas máscaras brancas luzindo, sem forma, sem boca, mas falando sempre palavras proibidas. Eles prosseguiam, bem lentamente, transpassando a janela, as grades de segurança, os móveis, as paredes, os anseios, as tristezas, o silêncio, e por onde iam passando, iam deixando tudo gelado, tornando aquele inferno meu, quente e fervoroso, pior que um braseiro, um inverno agradável. Os flocos de neve caindo, eu os comia e sentia um gosto agradável de sangue fresco neles. Meu coração quase parando, a ansiedade que transbordava! Deliciava-me totalmente com suas presenças delicadas e aterradoras.
Um prazer inexplicável vê-los voltando... Os rostos brancos.
Guardiões dos meus sonhos, da minha mágica, do meu amor eterno por alguém que nunca há de aparecer.
Amor fora de sintonia
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Quando eu quero sua atenção, você me dá um novo outro assunto
Se em um dia você me quis, com outra eu estava antes
Nosso amor sempre esteve fora de sintonia
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