quinta-feira, 31 de julho de 2008

Estranhos

Foi estranho acordar e ver que eles tinham chegado. Eles chegaram, do nada, estavam por toda parte...
Usavam máscaras brancas e capuzes translúcidos, mal tocavam o chão em sua caminhada... Esvoaçantes, mesmo sem vento algum, iam se aproximando, depois se afastavam. Seus braços gelados hora por vez esbarravam na minha pele, que se arrepiava e parecia que ia desprender da carne. Seus olhos, ocultos pelas máscaras, diziam mensagens de desespero, agonia e furor, tudo misturado a um som suavemente ensurdecedor quando transpassavam os raios de sol.
Suas máscaras brancas luzindo, sem forma, sem boca, mas falando sempre palavras proibidas. Eles prosseguiam, bem lentamente, transpassando a janela, as grades de segurança, os móveis, as paredes, os anseios, as tristezas, o silêncio, e por onde iam passando, iam deixando tudo gelado, tornando aquele inferno meu, quente e fervoroso, pior que um braseiro, um inverno agradável. Os flocos de neve caindo, eu os comia e sentia um gosto agradável de sangue fresco neles. Meu coração quase parando, a ansiedade que transbordava! Deliciava-me totalmente com suas presenças delicadas e aterradoras.
Um prazer inexplicável vê-los voltando... Os rostos brancos.
Guardiões dos meus sonhos, da minha mágica, do meu amor eterno por alguém que nunca há de aparecer.

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