quarta-feira, 13 de junho de 2012

Poema Nu

Quando desnuda à pele acaricia
tua mão grande se curva, fria
e a alma felina, arrepiada
se desmancha de flores, desnidada


Quando mansa a boca se umedece
e a côncava costa ao leito desce
o corpo nu reflete o deleito
e o pulsar destemido dentro do peito


O coração gritando ajuda
se cruza a outro, trêmulo
e os lampejos de luz da lua


Os cortam, e carne muda
e os dedos lânguidos
moldam silhuetas no chão da rua.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Eu tenho um amor na minha vida

Eu tenho um amor na minha vida
ele pode ser arredio, mas é forte
ele pode ser tardio, mas unida
fez a cina e o canto voltar da morte.


Eu tenho um amor na minha vida
e sobre ele derramo minha arte
e seu suor cicatriza a ferida
do desgosto passado, que me arde.


Eu tenho um amor na minha vida
e ele toca e pulsa delgado
e dele sou, o corpo algemado


e dele não escapa nem sonho
e em cada lacuna ele me toma
e em cada aresta ele me doma.




XXXVII

A lúgubre imagem do homem calado
se desmanchou no sorriso aberto
e conforme seu olhar chegava perto
mais a sombra chegava pro lado

Ao primeiro beijo, um suspiro rompido
e passo a passo a distância sumia
e sequer a gota de suor os dividia
tamanho desejo os tinha espremido

E as vozes cruzadas em gemidos
e as pernas entrelaçadas em vibratos
e a treva rendando-os em recatos

E os suores em vapores misturados
e a silhueta contra parede, moles
e a embriaguês do gozo, em goles.