sexta-feira, 8 de agosto de 2008

João e Maria

Ainda lembro de você, não preciso citar nome algum, provavelmente você mesma nunca vai chegar a ler isso, e se lesse, me odiaria se eu citasse seu nome. Então que fique assim: você foi a Maria da minha infância, eu fui "a sua" João.
Lembro do jeito que você cochilava na esteira, a gente brincadva de massinha juntas. Eu queria comer o lanche do jardim de infância onde estudávamos só porque você sempre comia, hoje entendo que é porque sua mãe não tinha tempo de fazer a sua merendinha, a minha tinha e eu não queria. Preferia comer o mesmo que você.
Era mágico quando a gente segurava as mãos e eu fitava aquelas duas ametistas que te enfiaram os anjos pelos teus globos oculares. O cabelinho louro aguado, sorríamos mostrando nossos dentinhos de leite para quem quizesse ver.
Naquela época eu já sabia o que significava dar um anel, e eu queria te dar um anel um dia, um bem bonito, bem mais bonito que o que vinha no pirulito. Um de ferro, que nem os que minha mãe tinha numa caixa em casa. Eu queria te dar uma caixa daquelas também, para você colocar todos os anéis que eu te desse...
Simplesmente não deu tempo... Levaram-me você pra outro jardim de infância. Hoje, você teria 20 anos. Saberia brigar. Mas algumas coisas passam. Essa passou, se não posso dizer que me tomaram. Só futuro pela frente.