quinta-feira, 1 de julho de 2010

Adeus é uma palavra

Certas coisas são passageiras, outras são pra ficar. Mas a verdade mesmo, é que a maioria esmagadora vem, deixa suas marcas, e depois se vai, até pelo próprio processo natural de mudança que tudo passa. Mesmo os laços mais fortes, às vezes, se desfazem. Mesmo as uniões mais óbvias, pelo próprio jeito natural de mudarem, e assim como elas , mudarem os participantes, pode sim, alguma hora, acabar. E esse medo assombra mesmo o coração mais inumano.
Gêmeos: duas crianças nascidas do mesmo processo de parto. Podem ser univitelinos, e aí nascerem com aparências iguais; podem ser polivitelinos e nascerem com aparências diversas; mas nos últimos anos descobri que podem nascer também de úteros diferentes.
Esse pequeno excerto é um tributo à amizade, elevada ao extremo. 
E é minha forma poética de declarar seu fim.
Porque não iria adiantar eu insistir, estava muito óbvio. Já não faço mais parte daquilo tudo. Então vou só me por no meu lugar.


Adeus é uma palavra muito difícil de dizer.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quebrando o silêncio

Quebrando o silêncio, atiçando a chama viva
Visando a despedida da banalidade
Alisando meu cabelo, me chamando querida
Refletindo-se nos espelhos dessa cidade

Quebrando o silêncio, olhar cor de oliva
na fina linha de ternura, que arrebenta
mão repousa farta e boleia mexida
pela outra mão pequena, que acalenta

Quebrando o silêncio, num ritmo selvagem
Destacando a linha tênue da paisagem
Signo silogístico sem sofisma, sinseridade

E quebrado silêncio, balançando a cortina
Preenchendo de lira e mistério toda minha sina
Deixando um vazio desconhecido: saudade

Just be.

Um dia as pessoas aprenderão:
não é escolha, não há razão;
não é aleatório, não é forçado,
não se cria, não se espera, não completa nada;
não é feito de sinais quase inviséveis, nem misterioso,
não é feito de duração temporal,
nem construído de esforço excessivo.
É mais que espontâneo, é óbvio como tirar o dedo se esbarra numa agulha;
não é escolha, mas não erra,
não é aleatório, mas pode vir de qualquer lugar;
forçar desmancha o pouco que ainda se pode ter, é como briga
que quando um não quer dois não brigam;
não se cria porque já estava lá, o que se inventa são as formas de exteriorizar;
não es espera porque vem na hora inexperada, no momento mais estranho, às vezes, e te pega como uma onda de ressaca;
não completa nada, mas acrescenta tanto que reescreve tudo aquilo que já estava escrito,
com sinais óbvios e escandalosos no corpo, na alma e no espírito,
e mesmo em mistério algum ainda é a coisa mais misteriosa que poderia haver.
Não é sobre anos de compromisso,
muito menos sobre comprimisso,
mesmo que compromisso e duração de anos venha e seja natural,
muito menos sobre esforço, já que na hora certa se torna tão natural quanto respirar.
É o amor, que bate à porta e entra sem convite, fica e se descobre bem vindo, e não tem hora para sair porque talvez nunca se vá.