quinta-feira, 10 de maio de 2012

Crer, Desejar, Vontade e Saudade

O Crer mais forte que a própria vida
ressecado pela perda do momento
desperta firme e forte em um novo tento
velha promessa escrita e relida.


O Desejar mais intenso que uma máquina
num processo de roçar quase maestrado
um livro velho, a tempos criado
permanece forte, intocada a página.


A Vontade resoluta, mesmo sem raça
vira-se firme e esquece o passado
quando é provada e forjada quente


E a Saudade permanece baça
jamais afogada no que já foi levado
saudando sempre o que vem a frente...





O beijo é a véspera do escarro

Cansei de me deter
cansei de me algemar
cansei de contar as horas que deixei de respirar


Fingir que vou vencer
como se houvesse o que ganhar
fingir sobreviver
num lugar em que sempre faltou ar


Cansada de cair
sem ninguém pra levantar
e os pedaços ter de pedir
ajuda pra juntar
ajoelhar e ter que servir
e pedir e ter de implorar
mascarar e ter que sorver
o amargo do suplicar


E abaixada ter que ceder
e cedida ainda ter que esticar
e esticada ter de prover
e desprovida ter que doar


E quebrada ter que me erguer
e erguida nos vazios sombrios
abrir os olhos no escuro
e realizar que estou sozinha
perdida em comida cara e falso arminho
num mundo mentiroso e mesquinho
nas mãos de um Rei sem rainha
no caminho de quem solitário caminha
provendo abrigo àquele que tira
e a quem se implora por ajuda
a se recolher
os pedaços tristes que sobram no fim
de uma tarde de domingo
e de um monte de bobagens superficiais.


E no fim sobra uma rosa
e uma vontade que não há de calar
de saber como seria o dia
que houvesse um dividir verdadeiro
um desejar certeiro
sem a diluição da decepção passada
um renascimento de um que talvez um dia existisse
e se perdeu nas garras
das descrenças das mesmas mentiras que hoje conta.


Só existe uma peça pra cada metade,
uma metade de algo este seria
completando um algo que não eu.


E eu me sento
e espero o Ar
tímido, voltar a se aquecer
na clareira desconhecida
dos eus que ainda estão por vir...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Desejo

O desejo é sórdido, violento e desconexo
o silêncio é o contexto da palavra
o amor é cíclico, opulento e desonesto
o solilóquio é a sentença do procrio.

A crisálida é a lamúria do estável
o estático é o delírio do delével
a delícia é o desejo da opulência
o amor é o solilóquio do silêncio.

O desejo é a crisálida da lamúria
o delírio é o delével da delícia
a desonestidade é a sentença  do desconexo
o sombrio do solilóquio do silêncio.

A opulência é o procrio da delícia
a delicia é a opulência do delírio
o delírio é o procrio da opulência
o procrio é o tormento do ganido do lamento

O delével é o cíclico do violento
o desconexo é o contexto do sórdido
o desonesto é a sentença da opulência
o sombrio é o sentido do mistério

O amor é sórdido, violento e desconexo
o sórdido é o delírio da lamúria
a delícia é o desejo do delírio
o procrio é a palavra do silêncio.