quinta-feira, 27 de maio de 2010

A lição da Borboleta

Tratava-se de um grande amante da natureza. Ele amava as plantas, as águas e os animais. Gostava de passear entre eles e apreciá-los. Um dia, em sua jornada, ele viu um casulo de borboleta, e passou a observá-lo, diariamente. Conforme o tempo passava, ele ia ficando ansioso por saber a cor e o tamanho da borboleta. Até o dia que ele chegou ao casulo, e viu que ela tentava sair, mas tanto esforço fazia que ele se apiedou da pobrezinha e ajudou-a a sair. Ao fim do perjúrio, a borboleta saiu, sacudiu as asas, mas não conseguiu voar. Ela saiu, tentou, sacudiu as asas, mas nada aconteceu. Por fim, ela caiu morta no chão, e o homem, sem nem imaginar porque, tentou saber o motivo. Ele então perguntou a um estudioso, e este lhe disse: ela precisa do esforço de sair do casulo para poder fortalecer as asas e ter a força que precisa para voar. O homem então chorou pelo mal que havia feito a borboleta e jurou a si mesmo que nunca mais cometeria o mesmo erro.
A vida não se comporta diferente; o momento de perjúrio nos fortalece ao novo vôo, nos torna capazes de aguentar o que vem pela frente. Sem ele, nos tornamos fracos; sem ele, jamais poderemos voar. Os atalhos não são a solução. Precisamos encarar as situações difíceis e sermos fortes.

Pois é como estou... sou a borboleta, saindo do casulo. Esse perjúrio será a raiz da força no próximo momento. Quando passar, vou estar forte o suficiente para voar. Atalho algum vai poder realmente me ajudar, ninguém pode realmente me ajudar. Que seja o que deve ser.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mania

Virou mania inventar você. Inventar teu jeito de olhar um endereço, de usar o desodorante, de falar sobre a última novidade da TV, de esperar o ônibus e de me buscar no hall de entrada da faculdade, lotada de papéis, enrolada com os lápis que esquecida guardar na bolsa. 
Uma mania tão intensa, tão constante, que quase consigo te compôr nas linhas tênues do desenho na aula de modelo, na palavra cuspida na agonía de libertar a cabeça da prisão eterna e suprema que é viver de quereres mauquistos e viagens não feitas, de suspirar no vazio do banheiro tarde da noite, de deixar  água fria cair na cabeça precedendo o descanso e espreguiçando do nada.
Quando a mania cessa, só restam os sonhos, os segredos ditos às paredes e o espelho-pecado, lotado de olhares frios e narcizistas e um grande abismo entre a idealização e a realidade. O ar se adensa, dificulta a respiração, e novamente sou devorada pelo silêncio exterior e pelas vozes da minha cabeça.
Espera de algo que mal sei se há de vir vai me consumir. É o buraco deixado pela realidade. É o ambíguo das histórias antigas, a brasa apagada remexida pelo impulso de matar a solidão. No fim, só vive a esperança. O amor, a força, a necessidade e o metabolismo se apagam aos poucos. Só há o fim.

domingo, 23 de maio de 2010

Repousa

Repousa farto e enfarado olvido
no ombro tétrico de visões futuras
abruma a graça nas ondas inseguras
dos mil romances que houvera lido


Repousa mole e desfeito em gomos
numa tarde sem fim, tenro soustício
o dentro desses globos acha o início
dos caminhos desditos dos gnomos


E depois do amor, descarta tudo
e afia na minha linha tua crina
a que o violino cuspa o timbre mais agudo


E desentende tudo que desmonta
o laço terno de viver a cina
entre a faca, a tina e a ponta!
Avaliando os diversos tipos de masturbação mental, cheguei a conclusão que nenhuma é mais confusa nem complicada que a que o amor e seus primos causam. 
Além de sempre suspensa e quase sempre inconclusiva, somos atirados nela para encarar determinadas situações para as coisas não fugirem ao controle, mas elas sempre fogem. Impressionante como além de tomar um puta tempo, ainda é inútil. De qualquer jeito não vai se chegar a lugar nenhum, seria mais simples e mais fácil - além de bem mais rápido, diga-se de passagem - se as pessoas jogassem uma moeda: cara é isso, coroa aquilo; e pronto! Muito mais prático. Quase irritante se pensar nessas coisas e remexer na cabeça à procura de verdades absolutas. Complexo ainda mais achar que elas existem! Quisera eu, ou qualquer um, ter certeza quando o assunto é esse...
Tentativa e erro, eu digo. Espontaneidade. E um instinto sagaz para separar o que está ali realmente do que é apenas uma curiosidade (mórbida). E sempre, sempre seguir a filosofia de Vegas: "O amor é um jogo onde sempre se perde".