quarta-feira, 20 de junho de 2012

Laço

Mas nem a morte poderia, calma
desdizer tudo aquilo de tal jeito dito,
e o código que na carne ficou escrito,
da rima confusa que se registrou na alma


E a palavra muda se findou profunda
arranhando as arestas mal-aparadas
e as sombras no chão, dançando pardas
e á memória que da imagem se inunda.


E esticou-se, sem sentido, uma linha tonta
e amarrou-se naquilo que livre gritava
e perdeu-se a linha, no infinito, sem ponta


E espremeu aquilo que mesquinho via
corpo a corte, a solidão que almejava
e arrastou o tudo num rabo de estrela-guia....

terça-feira, 19 de junho de 2012

Felino

Um remexer de borboletas na barriga
uma flama tremulando na derme
a boca que se umidifica, firme
às palavras que a mente abriga


Um explodir de vontades no escuro
um remexer nervoso e visceral da fibra
descomposta a costa da razão da libra
e o espirrar do sangue contra o muro


A forma complexa se deforma à sombra
a voz permanente ecoando grave
nas paredes úmidas do meu pensamento


E o contorno intenso desmedido tomba
e o desmontar lânguido do corpo, chave
da imagem pulsante e de marcar por dentro.