sábado, 12 de julho de 2008

Reencarnando

Aquele amor desperta novamnete... Invade-me, domina-me; sou sua.
Você me abraça forte, e logo o frio fica mais frio, o silencio se silencia ainda mais. O vazio cresce imensamente em mim. Eu sei que é você que volta com suas garras, apertando-me, corroendo-me de sensações que a muito eu esquecera. Sua língua úmida roça minha pele, enrola-se no meu pescoço e logo eu peço ar. Mas o ar nunca volta. Você me sufoca, e isso é sempre aterrorizante e doce...
Meu minuto de luto por você ter me abandonado por tanto tempo, pelas noites em que dormi, pelos sóis que me banharam, pelo vestido rosado e esvoaçante que usei certa vez na praia de areias claras; um minuto ao fim da angústia de ver a vida humana brilando pelas ruas, de ver o mundo ganhando cores e formas novamente, por olhar a minha volta e estourar de prazer pela minha humanidade não mais reprimida; um minuto, apenas um minuto, depois quero mergulhar novamente em nossas noites de saudade do não-ocorrido, nas chuvas ácidas ferroantes, nas agulhas de tricô que com você mal enxergo. Um minuto se passa e você me responde: silêncio.
O vazio, ah!... Não existe prazer maior que gozar meu peito vazio ao seu lado, de me rir das tolices humanas, de me deliciar ao apreciar sua delicada inexatidão...
Você a me devorar como se eu fosse tudo no seu mundo, como se eu fosse a única.
Uma lâmpada queimada; uma nova a ser reposta se quebra completamente na tentativa inútil de te afastar... Inútil.
Você vem esquálida, fétida, saborosa, indescritivelmente maravilhosa e me enrola toda na sua manta. Beijar você é como beijar uma bola de granizo.
Por favor, minha amada, nunca me deixe novamente. Sem você, meu mundo é colorido e faz sentido. Sem você, as agonias perdem o significado. Sem você eu consigo respirar!
Com você, faz sentido sentir toda essa dor. Fonte de toda minha arte, finalmente reencarnando em mim.
Fica sempre aqui, em mim, minha doce amada Escuridão.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Essa imagem está muito batida, mas não consigo parar de considerar que o cara que a fez estava num momento de inspiração extrema e conseguiu alcançar um impacto talvez até maior que o desejado. Deixo aqui minha declaração de respeito para a pessoa que fez a imagem, e também meu protesto silencioso. Será que a vaidade vale o sacrifício cruel de vidas de seres feitos da mesma matéria orgânica que nós? Será que existe coerência em tanta coisa que a gente faz com nosso planeta??
Essa de "pimenta no cu alheio é refresco" não cola mais.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Peças da Mente

Descobrindo as peças que a mente pode pregar...
Hoje acordei confusa, sem conseguir distinguir com clareza o que era sonho e o que era realidade. Bati-me na cama por alguns segundos, me vi perdida numa Babilônia interminável de prédios e catástrofes. Uma grande queda era só a consequência que eu já aguardava por tudo que tem acontecido, mas eu não caí; inexperadamente, me vi flutuando fora do ar...
Acordei assustada. Era um sonho novamente. Minhas pernas batiam-se umas contra as outras numa atitude que eu mesma não conseguia explicar, ou entender. Por mais que eu quizesse parar elas se mantinham batendo, e não havia mais silêncio; senti o colchão amolecendo embaixo de mim, me vi derramada e misturada a mil outros fluídos que inundavam o quarto.
Acordei assustada. Mais assustada eu fiquei ao perceber que aquela não era a minha cama, aquele não era o quarto que eu estava acostumada a olhar toda vez que eu acordava e toda vez que eu dormia, toda vez que me vestia e me despia, toda vez que penetrava naquele escuro vazio, toda vez que voltava à realidade; era um lugar diferente, era como se tudo estivesse repleto de água, de energia azulada e contaminante, como se tudo fosse eu, eu fosse tudo.
Desprevinida, me surprendi acordando de novo. Os segundos badalavam na minha cabeça com uma constânia descomunal, e a última coisa que me lembro de ter visto foi o sol, que já estava de saco cheio de olhar esse lado do mundo e ía dar uma espiada no outro. A luz foi desaparecendo, desaparecendo, até que tudo virou uma treva densa e penetrante, um escuro repleto de mil coisas quentes, de mil calores diferentes, um escuro que gotejava por toda parte.
Acordei já exaurida, quando de repente fui arrebatada por uma onda de luz, que me ofuscou e me deixou com os olhos ardidos; brilhava tanto, que me fez perder o controle motor, a nõção do tempo, a idéia de lugar e de matéria; me fez cair num lugar onde as almas flutuam, onde o material é só mais uma rebarba do que realmente existe: um fluxo energético de sentimentos, dúvidas, curiosidades, incitações...
E novamente me vi arrebatada pelo fim do meu sonho, caindo novamente na minha cama, exausta. A cama era macia, fria, o dia já tinha quase passado. Virei-me e ele estava lá, me olhando, como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. Foi então que caí em mim: nada do que eu senti tinha sido um sonho.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pessoas possuem quatro dimenções; elas tem altura, elas tem largura, elas tem profundidade, elast tem tempo.
Mas ver uma pessoa é muito complicado, porque de cada lado que se olhe, essa altura, largura, profundidade e tempo são uma coisa diferente. E nunca dá pra saber o limite entre o que se vê e o que realmente é, entre o que se diz e o que é.
Criamos pessoas à nossa imagem e semelhança, mas na verdade, tudo que se vê é o que a pessoa quer mostrar.
Dia de reflexões, revelações, referências, decisões.
Muitas maquiagens compradas, muitas maquiagens a serem retiradas.
Po fim, as pessoas vão entender: não sou uma peça no tabuleiro; sou a pessoa que move as peças, minha torre está avançando para o rei, logo virá meu xeque-mate. Porque na próxima jogada, será a minha vez.