sexta-feira, 18 de setembro de 2009

7 retas


Tudo começou com sete retas mal-feitas... a mão nunca pára de tremer. De sete retas, esticaram-se sete minutos, dos sete minutos, sete horas; sete dias em sequência. As sete retas foram riscadas no cartaz do ponto de ônibus, depois foram cobertas e arredondadas por sete linhas melhores, e por fim, arrematadas durante sete minutos, numa continuidade que um desenho pode ser desenhado, e nunca parar. Boa noite, digo; boa noite à distância, e quem sabe um dia, tão perto que vou sentir tua respiração....
Nem todos nessa vida tem a chance de vivenciar o vislumbre de sua real musa.

Obsessão


Mors sordesium est, Amor non.



Loucura... beirando a loucura, ânsias incontroláveis. A cada novo segredo que se abre, outro segredo é desejado. E em suspiros pausados e bem medidos, uma sequência curiosamente premeditada e em cascata de novos segredos, inesgotáveis. 
Um rim: o primeiro que foi estudado foi aberto, destrinchado, remexido e esquartejado, e desse estudo, mais perguntas se abriram. E abrindo, destrinchando, remexendo e esquartejando, novas perguntas surgem na minha mente pueril. O mundo acontece, as surpresas que os seres humanos pregam e impregnam permanecem as mesmas, sem mistérios; mas um vislumbre, um simples vislumbre de uma cena tua, de um ângulo diferente, me enche de perguntas... E a cada resposta, um novo enigma, e a cada enigma, mais mil novas perguntas. Perguntas tantas que a maioria nem ao menos tem realmente resposta a ser dita, tantos sinais, organizá-las em palavras só poderia ser mais complexo que a resposta em si. 
Expressar-te em arte: detalhes captados, convertidos, aproveitados e derramando dos meus trabalhos... Uma visão tão única de tudo, expressada simploriamente numa linha, numa mancha, num detalhe, numa palavra num poema qualquer, num suspiro quando mastigo o lanche; mais uma sequência de incógnitas à minha mente, mais uma sequência de perguntas, mais uma ânsia por respostas, e o mundo se torna uma tela expressionista gigantesca e trivial novamente. Intrigante.
Laqueio os olhares na tentativa de lê-los; a pátina que deveria aparentar gasta, se revigora na graça da analítica visão de tudo. O charcoal cheio de nuances ainda não possui nuances de claro e escuro suficientes para exprimir todos os seus deégrades... A arte nunca consegue dormir. 
E sob as perguntas, uma sombra densa e confusa, uma sombra onde vivo meus dias, cada vez mais pitorescos e saborosos; na sombra tremo, obstinada, teimando por descobrir todos os segredos, mapear-te como se mapeia um deserto, mas não há nessa existência criatura capaz de mapear um território onde mesmo que caminhando pela eternidade, jamais há de ter real começo e fim... A tentação real, o pecado maior é transcender-te, e num começo e num fim irraigados por belíssimas rachaduras, fazer parte de ponta à ponta daquilo que não sou eu, mas faz parte de mim.
Eis então que vejo-me: tonta, torta, transformada, arredia; nômade-primária-obtusa-petulante, obcecada. Na ponte enorme entre cada pergunta e cada resposta, uma vontade que não faz parte de mim... E surpreende até o mais incomum, pois toda essa extensão de paraíso, cabe na palma da minha mão...