Nos momentos críticos, está lá sempre o vento. A arte de me esgueirar por ele, de arranhá-lo, de escutá-lo falar suas indecências esquivas e suas graças desgraçadas. O vento, cheio de vozes cheio de palavras e de sensações.
O vento, que nunca me deixa; ele vem ressecando tudo de feio, mudando os segundos em minutos, minutos em horas. Descobrir a arte de domar o vento, de controlá-lo, um objetivo que já a muito alcancei, mas nunca porei em uso.
Se domino o vento, se o submeto ao que eu acho certo, ele não seria mais vento.
O vento que me faz desejar arrastar as mãos novamente em objetos antigos, o vento que me faz sentir novos sabores em comidas que a muito já fazem parte da minha cina.
O vento veio, me trouxe a sensação de nadar em sangue denso e pegajoso; me trouxe a sensação de não ter peso, de não precisar mais respirar, excretar, absorver; o vento veio e a euforia deixou por onde ele passou em mim.
Mas, se eu domino o vento, ele não é mais vento.
O vento dançante, saltitante, tão tolo quanto eu...
Vai, vento arrasta essa existência insignificante e faça-a mergulhar nos mais profundos mananciais de desespero, de loucura, de doçura, de suavidade, de arte.
Vento.
Amor fora de sintonia
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Quando eu quero sua atenção, você me dá um novo outro assunto
Se em um dia você me quis, com outra eu estava antes
Nosso amor sempre esteve fora de sintonia
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