sábado, 5 de setembro de 2009

Vanitas

Vanitas: forma de expressão artística relacionada com vaidade, finitude da vida e de seus componentes, transformação da juventude em velhice. Temporariedade das coisas da vida. De onde somos, para onde vamos?
A juventude está cega. Trata-se, fere-se e rasga-se em mesas de cirurgia em busca de prolongar a superficialidade da juventude. A procura constante pela vida eterna na medicina: cada tratamento que surge acrescentando mais alguns anos para os infelizes com problemas deletérios. Maior duração da vida com certeza é igual a mais tempo de trivialidades, mais tempo de estudos, mais tempo de aproveitamento do mundo. A vida eterna? Conceito burro de mais para que eu dê qualquer importância nesse texto. Para quebrar esse clima de vanitas do mundo, surgem alguns iluminados; algumas pessoas que enxergam além disso. Aí vem o conceito verdadeiro de vida eterna.
Duas almas livres que se cruzam, se encaixam, se enovelam e, por uma grande ironia do destino, se completam. Orgulho, arrependimento, espera, fidelidade, dúvida: conceitos bem conhecidos por estes. Toda uma trilha anterior de afinidades diluídas, discretas e secretas, num mudo que não entenderia. E agora, por grande surpresa do destino, ele entende. O mundo está, como sempre, pondo seus obstáculos naturais, mas dessa vez, também põe coisas a favor.
A obsessão por conhecimento, a busca de um talento maior, o narcisismo. Almas cruzadas em aspectos diversos. A ebriedade da paixão, um grande amor que quase se deitou em sofrimento. A força de lutar. Mãos dadas num mesmo caminho em direção à morte - morreremos juntos? A vaidade que nos ronda vibrando numa mesma sinfonia. A morte que nos ronda vibrando numa mesma sonata. O laço que nos une vibrando num mesmo objetivo. A sorte lançada, esperança, caos, sabedoria.
O conhecimento há de se esvair... a beleza assim irá pelo mesmo caminho. O talento maior há de se desfazer na frivolidade da terra, e morre assim os corpos - a fonte sagrada de nutrientes para um mar ou um vento frio de inverno. De onde somos, para onde vamos? Somos de um lugar onde não importa de onde somos, vamos para um lugar que não importa, pois as mãos estarão atadas. A comunhão profana entre dois corpos, a comunhão etérea entre duas almas, num mosaico digno de Fibonacci e seu número, digno do número 3. Se era para ser, está sendo. E era para ser. E quando a terra nos consumir, virá a vida eterna: não a eternidade do espírito, ou a eternidade de nossas obras, mas a eternidade do amor; um amor tão grande, que nem a frieza da terra há de consumir...

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