Quando deixei-me ver, já não estava mais lá. Retirei-me sucintamente, demasiada satisfeita para ver que ainda eram olhos cegos que olhavam para mim. Algumas palavras, foi-se na minha amada morada o último provar do mais doce mel. Não quero mais mel algum. Quero, ao menos dessa vez, dar-me ao luxo do luto de sua morte. Caminhe, caminhe por aí, mas em mim, vou matar-te, extinguir-te, esmagar-te como mereces, como mereces a borboleta delicada e frágil que sempre foste.
Deixe-me, ao menos por um instante respirar algo que não sejas tu. Deixe-me, por pelo menos um segundo, existir por algo que não sejas tu. Pode levar essa coisa cálida que guardei com tanto carinho por anos, leve embora de mim esta maldição.
A cada momento que penso que busquei, cegamente achar tamanho tolo sonho, sinto o corpo desaparecendo.
O silêncio devorava... Perdeu o sentido, mesmo as linhas curvas perderam seu lugar. Despersonificou, despersonalizou o indespersonalizável e estagnou. Flutuava no ar, impregnando de lodo tudo, e mesmo os mais leves movimentos gastavam tanta força, tanto ardor, que nada mais significava coisa alguma. Despedaçado e esturricado por toda parte, pegajoso, desleal.
Antes acompanhava sutilmente tudo, era resposta para as mais profundas perguntas, mas agora só empecílio, só imundice restava dele. E agarrava por tudo! Pelas paredes, pela pele, pelas moléculas do ar, pelos objetos bem cuidados, impregnando com dor, desespero e doença.
Eis então que surgiu e ficou clara a doença maior. O motivo da desmistificação e desembelezamento dele. Essas coisas de sonhar, de querer, essas coisas inúteis que impulsionam alguns, mas que ralos ainda apenas conseguem se corroer por ela. Essa coisa maldita, desdenhosa, mentirosa e suja.
Essa coisa precisava desaparecer, acima de tudo sumir para sempre, para limpar e purificar tudo de todo nojo, de todo ranço e rancor. Essa coisa venenosa, intravenal, líquida e quente, essa coisa pesada e crispada. E essa coisa há de desaparecer. E o silêncio vai voltar a ser belo, e vai voltar a ser leve, e vai voltar a impulsionar.
Melhor deixar pairar o vazio extremo do que preenchê-lo com dúvida.
Amor fora de sintonia
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Quando eu quero sua atenção, você me dá um novo outro assunto
Se em um dia você me quis, com outra eu estava antes
Nosso amor sempre esteve fora de sintonia
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Um comentário:
*sem palavras como quase sempre*
COntinue escrevendo assim sempre^^
espero pelo possível e incerto projeto do ano que vem xD
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