terça-feira, 2 de março de 2010

Andarilho dos Ventos

O vento invadiu a casa gelado e úmido. Como meus sentimentos andam ultimamente. Gelados e úmidos. E atrozes. E o vento..

Ás vezes, eu posso sentir-te caminhar nos meus calcanhares. E posso sentir um abraço. E teus dedos passearem delicadamente pelas minhas costas, ou pela minha barriga, um dedilhado irreal... Invade-me um sentimento de trazer-te para tão perto, que não mais se saberia diferenciar onde começaria um, onde acabaria o outro. Trazer-te para tão junto que nossa unidade molecular se fundiria perfeitamente, docemente, num balançar centrípeto, e abstrato quase, num movimento repetido, e esse seria o vibratto do amor. 
Pois as cartas não mentiriam. É por você, e somente por você, que serei capaz de sentir o amor carnal, o amor fraterno, o amor dominador, o amor subalterno, o amor total,  o amor devastador... entre nós somente a voz angelical que nos embalaria para os caminhos a nos levar para o outro mundo poderia flutuar. A energia única do teu existir me dando motivos para existir também... e somente tu, ninguém mais além de tu há de recebê-lo.
Contar os dias parece cruel, mas eu confesso que conto as horas. Todas as 174823 horas desde que eu soube que você existia. Por todos esses anos. É a primeira vez que finalmente sinto que a contagem está chegando ao fim. Tu respirares seria a cena da minha vida. Tua face ao longe, se materializando fosca nos meus cristalinos míopes, fazendo meus joelhos que rangem me moverem até teu encontro, fazendo meus ossos defeituosos me arrastarem até o balançar dos teus, e a comunhão do baço; uma nuvem reflexora de tudo de belo que guardei por todos esses anos. A formação dessa matéria única da carne-alma-espírito, o poder do sentimento mais divino.
Vejas, oh, as criaturas, e vejas a quanto o carma as cobra por um momento feliz... Vejas o quão afortunados somos, agraciados dlo destino pela sorte que nos aguarda logo ali no Equinócio das emoções... A verdade nua e crua é que mesmo o arremedo que vivemos, somente na espera, não chega aos pés do que a maioria dos meros mortais viverão por toda sua vida.
Eu nasci e cresci com um objetivo do universo. Está chegando a hora dele se concretizar.
És o Andarilho dos Ventos, os ventos que me envolvem, que me consomem e que me carregam. Segura a minha mão, vai... Esse agora não é tudo o que temos, mas é a primeira vez que o temos como em breve teremos. É a nossa chance de mostrar que podemos ficar.

Nenhum comentário: