domingo, 21 de fevereiro de 2010

Coluna Dorsal

Eram mil vozes... Todas gritavam coisas diferentes, de locais diferentes, e todas se cruzavam em um único ponto de interesse: eu. Era de toda parte as lufadas de som, todas gemidas, cheias de loucura e desatino. Havia chamados de luxúria, gritos de vaidade, e ira, pois não havia resposta...


Serpenteava oculta
entre a carne chamuscada
e a iminente catapulta
existente na linha limítrofe
da natural sacada
e da irraigada vulva.


Estava gelada
transmitindo o arrepio
do arredio baço
até o braço
e descendo redenta
pela carne sangrenta
e oscilava dela
desse àquele lado.


E ficara molenga
ao mínimo relato
do cérebro cretino
sobre qualquer coisa
que entre desconfiança
e andança
houvesse em aliança
e fizesse do caibro
o cabresto do cachimbo.


Caída de lado
paranóica e rebelde
retesara austera
a espera
e o legado
de toda atmosfera
bem ali do seu lado
no pâncreas metido a besta.


E a coluna olha de vesga
e debate quieta,
observando, esquizofrênica,
a estética do absurdo
e vendo novamente sua existência 
saliente eloquência
ressequida, decepcionada
permanece na sina de viver
sem ser valorizada
azeda e mal-amada
emoldurando o duto
intrigueira e assustada
segue imprensada
entre o pâncreas,
a carne chamuscada
e o arrepio de tudo.

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