terça-feira, 9 de dezembro de 2008

É lá que mora o doce mais doce,
o bem-querer mais bem-quisto,
todas as graças das mais graciosas,
o fermentado e destilado sumo deste fruto carnoso e demasiado branco,
o lenço profundo das lágrimas que desmancham os olhos de saudade...
Perdido por todos os lados, ofuscado pela luz matinal de um sentimento que cisma em nascer e se pôr, dia a dia, por todos os segundos que preenchem o existir dessas duas metades: a de cima, e a de baixo.
Desgostosa a distância entre estas, se novamente se unem, abafam o som maldito; mas se se aproximam, e se apertam uma na outra, suas cores se tingem em rubro vivo, e logo amanhecem no mais pueril sorriso que já riscou tal face...
Acima de tudo, é o local mais seguro do mundo, onde mora os mananciais do descanso mais terno, e morno... A casa de tamanha quimera de beleza e plenitude, a casa dos justos, e dos intuitivos. Uma casa onde pouca razão reina, onde se espelham as batidas mais fortes do miocárdio, onde se pode ler alguns segredos - apenas os tolos - e onde desabrocham os mais escondidos mistérios das emoções humanas.
Poderia viver - e sobreviver - dessas duas bem-feitas metades, que mesmo silenciosas, possuem toda uma voz e sua canção própria. Mas não poderia viver - em plenitude! - sem esses dois pedaços, essas duas partes - a de cima, e a de baixo - de calma, furor e majestade... Essas metades que dão asas a minha poesia.

Um comentário:

Rebecca Isnard disse...

Muito lindo! Demorei a vir, mas cheguei! Parabéns, está muito bem escrito e eu simplesmente adoro sua forma de se expressar. Beijos querida^^