domingo, 17 de maio de 2009

A Bala

Foi um tiro no escuro. Ela girou a roleta russa tão rápido que ficou tonta... Olhou tambor numa velocidade alucinante, vibrou com a sensação da dúvida, e convencida da sua decisão, disparou o revolver 38 quatro vezes na direção da própria boca. As quinta e sexta vez não disparou. Seu corpo não mexia mais.
O estrondo no quarto fez as paredes vibrarem.Os que estavam no quarto, esperando suas vezes de tocar no ferro frio, gelaram. Gelaram tanto que ficaram mais frios que o ferro. O suco vermelho espirrou na cara de um deles, que nem ao menos conseguiu gritar. Deu esperanças para quem esperava que a brincadeira perigosa terminasse. Em vão.
A bala não derreteu na boca. Não era um caramelo, tinha gosto de pólvora, mas não deu tempo de sentir gosto algum. Ela rompeu o céu da boca, e o tecido macio que preenchia toda cabeça, finalizando cm sua saída, e junto dela, pedaços rubros pegajosos. Era o fim.
Os que estavam na sala correram para o quarto. Das quatro pessoas, três estavam geladas. Apenas uma quente, jorrando valvularmente da cabeça, ainda tinha algum calor no corpo. Era uma tragédia, uma tragédia medida e pré-meditada. Azar do mundo, mais um individuo caiu. A culpa era da pessoa que atirou contra si? Era do mundo mau? Era do azar? Era da teimosia, da adrenalina do momento? Não.
A culpa era da bala.

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