quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Nada

Redescobrir uma noite vazia de insônia, me torcer de dores em algumas partes do corpo, sendo que algumas delas me trarão consequências bem ruins para amanhã. Veja o vazio, o belo vazio a minha volta, todo o vácuo azedo de encontrar uma farpa que te tira tanto o ar que ele não volta mais do mesmo jeito.
A questão não é a solidão, solidão é natural, e a verdade maior que cada um precisa compreender como a única solução para a felicidade; a questão é a saudade, a vontade de gritar que certas coisas podem causar - apenas um grupo pequeno de palavras - e o simples fato da lei do silêncio que precisa ser respeitada, porque eu não sou exatamente uma das pessoas que podem se dar ao luxo de pagar as multas. Aí transformei a vontade de gritar em vontade de cantar e me controlei. Logo me apercebi de que provavelmente minha vozinha petulante de contralto incomodava algum trabalhador ou uma velhinha, e continuei mais alto. É quase impossível fingir que eu não existo se eu sou inconveniente, fato. Já que eu tenho sobrado para alguns amigos, tenho sobrado em tantas situações, agora adotei o método de existir para o mundo através do incomodar.
Funciona de formas diferentes, cada situação pede uma delas. Aí me pego lembrando de homo sapiens estúpidos me incomodando, e penso melhor. Ainda consigo seguir a risca aquela de não fazer com os outros o que não gosto que façam comigo. Diferentemente da maioria dos hipócritas que falam isso, como deve ser bem evidente.
Tentei me aventurar num soneto, e nada. Numa dança, e nada. Com minha gaita, e nada. Agora estou bebendo e isso me piora as dores da gastrite, é como se ao invés de martine com coca-cola fossem peixes carnívoros comendo meu estômago de dentro para fora. Quem tem gastrite nervosa sabe. E nada no computador, tenho a impressão de ficar a cada dia mais desinteressante, de falar mais as coisas erradas e de ir do nada para o nada, independente do quanto eu progrida.
Tudo inútil, brigar contra tanta coisa é inútil, tentar me encaixar, mais inútil ainda. Alguém tem algum manual de como ser um ser humano realmente? Se tiver, por favor me dê, eu juro que vou ler tudo, e se novamente me frustrar tentando, eu queimarei o livro e vou comer ele em bravas para ver se métodos indígenas antigos podem funcionar de forma não tão ortodoxa...
Talvez eu só esteja no tempo errado, tenha recebido os objetivos errados ou esteja seguindo o caminho errado.
Mas talvez eu não seja nada. Pode nem ser eu mesma escrevendo esse texto...

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